Wednesday, February 11, 2009

Mestrado

Sempre ouvi falar que o mestrado gera traumas. Eu pensava que nem tanto, mas gera sim. Ainda mais quando as coisas não dão certo.

Quando saímos da graduação, existem vários caminhos para seguir (embora as pessoas continuem achando que as oportunidade são poucas). No meu caso, escolhi fazer mestrado, ou seja, entrar num caminho tortuoso que no final (teoricamente) me faria sentir um pouco mais cientista (Será?). Logo que passei na prova (o que foi um problema, mas essa é outra história), acabei sendo agraciada com uma bolsa de pouco mais de mil reais. Ora, até então eu tinha nas costas 24 anos de idade e 19 anos de estudo. A partir dali seriam mais dois anos, fazendo com que meu estudo, ao final do mestrado se tornasse, por direito, maior de idade e tivesse sua independência consagrada pela Constituição Brasileira (eu, particularmente, continuava dependente dos meus pais...).

Mesmo sabendo disso, decidi embarcar num projeto que parecia ao mesmo tempo audacioso e ultra-moderno. Encarei as células-tronco humanas de frente, sem medo de tomar uma chinelada depois. Passei um ano cursando disciplinas (algumas serviram para me questionar o porquê! Mas não o porquê das coisas e sim, 'meu Deus porquê, porquêêêê eu escolhi academia?!! Onde estava meu córtex pré-frontal?? (é onde ficam o tico e teco responsáveis pela tomada de decisões).

Depois desse ano inteiro de disciplinas e o término de relacionamento longo (sim, essas coisas sempre aparecem para ajudar, segundo a lei de Murphy), eu dei início à fase de experimentos. Colocar a mão na massa (até porque o comitê de ética só liberou o trabalho depois de 1 ano e 2 meses de curso...) Ou seja, restavam 10 meses para aprender como se cultiva células humanas (eu trabalhei na graduação com bactérias), testar protocolos de cultivo e diferenciação pra saber eram mesmo células tronco (tava achando que era fácil assim?! Não, não seu João!), executar os experimentos propriamente ditos, analisar os resultados, escrever, qualificar, corrigir, repetir os testes e defender. Ufa! É, seria pouco tempo pra tudo isso, mas fazer o quê? Se não for com emoção, não tem tanta graça. Mas como Murphy é bródi, ele me mostrou, faltando 6 meses para a defesa, que esse projeto com células tronco não iria dar certo (não, eu nããão estou de brincadeira!). Mudei. Sim, aliás, TIVE que mudar. Da água pro vinho. Afinal, ainda gastei mais dois meses e meio tentando ver se as coisas funcionariam, se daria certo ainda, em vão.

Bom, tinha ainda 3 meses pela frente. É, eu tinha... Qualifiquei dois meses depois com dados de análises computacionais relativos à genomas bacterianos (é claro, não gasta material, as células não morrem e o pior que pode acontecer é o computador parar de funcionar, mas eu sou espertinha e já fiz zilhões de backups! Aliás, eu sou uma latifundiária de gigabytes porque a minha fazenda já está com 660Gb de espaço!!). É como eu disse antes: eu tinha três meses. Agora só tenho mais dois dias pra entregar a versão final para a banca. E estou aqui, correndo, escrevendo, com enormes olheiras e estressando meu namorado, meu urso de pelúcia e meu violão. Coitados...

Mas honestamente, hoje eu olho pra trás, vejo o quanto eu vivi esses dois anos, o quanto eu aprendi e sinto que estou seguindo o caminho certo. Porque os buracos existem. De alguns a gente desvia, em outros a gente cai. O mais importante é saber recomeçar. Para alguns, isso acontece e eles ainda têm muito tempo. No meu caso, eu estou tendo pouco, mas mesmo assim, eu estou dando o melhor de mim, provando pra mim mesma que os limites estão apenas na minha cabeça.

E desejo a você um recomeço em cada dia que você viver. Seja nas pequenas coisas, ou nas grandes, seja em casa, ou fora dela. Que você encontre oportunidades para mudar, fazer o novo (ou refazer o velho). Que você encontre força para isso e que, quando o fizer, saiba que não existe ninguém que possa lhe julgar ou lhe impedir. Lembre-se sempre de que os limites quem faz é você, à medida que você traça seu caminho.


Aquarian21.

2 comments:

cláudia kiermes said...

Um dos seus backups tá aqui no meu hd... kkkkkkkk
Xuxu, vai com fé. Vida acadêmica é assim mesmo: um stress! Mas, não sei porque, deposi que se entra, é difícil sair dela...
Tô na torcida!
Beijoooos.

Aquarian21 said...

Obrigada, xuxuzim! Você está sempre comigo, aqui no coração!
Beijim! :*