Friday, April 23, 2010

Já que eu não podia ter cachorro...

Sentada na minha cama fofinha, ao lado do meu fiel escudeiro Fuinha. Olhando pra parede, sinto falta do Eddie. Ele era um peixe betta vermelho, bem bonito, que chegou aqui em casa já adulto e passou três anos comigo.

No Carrefour perto de casa, tinha uma loja de peixes ornamentais e aquários. Enquanto meus pais estavam fazendo compras, eu adorava ir lá e passava muito tempo olhando os peixes. Tinha neon, carpas japonesas, acarás disco... mas eu gostava muito dos bettas. Não sei o motivo da minha empatia, mas com certeza não foi pela beleza (mesmo esses peixes sendo belíssimos).

Honestamente, eu gostava do brilho e da rapidez dos neons, da graciosidade das carpas japonesas e da capacidade de sumir de perfil que o acará disco tinha. No entanto os bettas... ah eles são encantadores! Primeiro por serem muito resistentes. Plantinha, filtro aerador?! Namm! Não precisa. Água torneiral?? Tá valendo! Os bettas conseguem viver num ambiente com pouco oxigênio (não poluído!) porque ele possui estruturas que são capazer de obter oxigênio do ar. A maioria das pessoas acha que são peixes solitários e extremamente agressivos. O Eddie mesmo se estressava quando eu colocava o espelho na borda do aquário. Era de lascar e vamos mostrar quem é que manda aqui!! :) Tá, eu concordo que, com o passar do tempo, eles foram selecionados por cruzamentos para atender a vontade de criadores que os utilizam pra brigas e, dessa forma, ganharam tal fama. Inclusive, em Portugal, os "purtuguesis" o chamam de Combatente. Porém, o que nem todo mundo sabe é que se as espécies que estão ao seu redor forem pacíficas, eles conseguem conviver sem problemas.

Sinto saudade de acordar e fingir que ainda estou dormindo só pra enganar o Eddie. Ele sabia a hora que eu dava comida, então era assim todo dia: acorda>>espreguiça>>senta>>levanta>>"Bom dia, Fuinha!">>"Bom dia, Eddie!">>estalava os dedos>>colocava comida pro Eddie. Ele ficava parado sempre no mesmo lugar, de frente pra mim, esperando que eu me mexesse. Assim que eu me mexia, e sentava na cama, ele ficava num estado elétrico dentro do aquário, abanando a cauda, quase como um cachorro! E sempre na região mediana do aquário. Era só eu me aproximar que ele movia em direção à superfície (provavelmente esperando o rango, né?). Era bom acordar e vê-lo mudar de comportamento. E eu adoraaaava fingir de dorminhoca só pra ver melhor essa transição. Era quase como se ele soubesse que fazia parte da minha rotina, e como consequência, de mim também.

Acho que com o passar do tempo, eu me tornei um pouco betta... um pouco Betta splendens!! E percebo que a gente deveria ter um olhar mais cuidadoso em relação às pequenas atitudes e comportamentos de pessoas (e nesse caso, de animais) que passam nas nossas vidas. A gente nem sempre ensina algo, mas com certeza, a gente sempre aprende.

;)

P.S.: Esqueci de dizer que o Eddie tinha uma cabeça esquisita, meio torta, sabe... Aí, eu dei o nome em homenagem ao Eddie the Head, bródi dos Iron Maiden.

P.S.2: O Eddie foi enterrado embaixo do pé de pau-Brasil que plantamos no final da ala sul do ICC/UnB em 2004. [Eu já plantei uma árvore, agora falta escrever um livro e ter um filho, segundo o poeta José Martí hahahahahahah] ;)

4 comments:

Camila said...

Eu gosto de ler as suas bem traçadas linhas =)

Patrícia Cordeiro said...

O livro cê resolve fávil: mais um ano de blog com postagens frequentes, junta tudo e publica! O filho...bom, nesse assunto aí eu não opino não! hehehe =*

camilacorado said...

também sinto saudade do eddie!!! :D

Unknown said...

Vc também plantou um peixe!